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FADO DE COIMBRA

APONTAMENTOS PARA UMA HISTÓRIA  ANTÓNIO VICENTE

Continuação:

E a geração de 90 deu e continua a dar continuidade ao fenómeno, transpôs o século carregando consigo toda uma sonoridade imperdível, cantando toda uma história e fazendo história. Os grupos, Capas Negras, Alma Mater, Verdes Anos, Saudades de Coimbra, entre outros, oferecem-se como prova viva de uma continuidade robusta.

E agora? Coimbra lá está, no caminho de muita gente, como o seu Mondego e com a sua canção. Diferente? Com certeza que sim. Coimbra conta com uma extraordinária plêiade de instrumentistas e cantores, gente que transmite um saber secular, gente que cria.

Estes novos tempos levaram a canção para dentro de casa. Se a partir dos anos 80, era comum encontrar estudantes e não estudantes a tocar e a cantar, sem compromisso, por estabelecimentos da cidade como, “Diligência Bar“, “Bar 1910”, “Boémia Bar”, “Sacristia”, Restaurante “ O Trovador “, hoje existem espaços profissionais, com instrumentistas e cantores residentes que se podem designar por casas de fado (embora se denominem como casas culturais) – exemplos significativos – “ Fado ao Centro” e “ á capella “.

Estes novos tempos trouxeram de novo á ribalta a presença do feminino na canção de Coimbra, situação largamente debatida nos anos 80 e que não tem nada de novo. É prudente que se analise a questão fora do âmbito sexista, pois que, se pouca importância tem o sexo das violas ou das guitarras, é muito importante, não contaminar a sonoridade de um ecossistema musical com frequências que lhe são completamente alheias.  

Nestes novos tempos, pena é que, apesar da força das redes sociais e de todas as facilidades permitidas pelas novas tecnologias, a divulgação e promoção da Canção de Coimbra esteja quase ausente das rádios e das televisões nacionais, sem lobby que funcione a seu favor, com editoras surdas e músicos e autores longe do grande público.

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